16 janeiro, 2008

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Como me cansa, por vezes, esta obsessão de

simetria

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a precisão de me ordenar

na horizontalidade e
v
e
r
t
i
c
a
l
i
d
a
d
e
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incendeia-me um anseio de desordem
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de chão revolto, e trilho incerto
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4 comentários:

náufrago do tempo e lugar disse...

Na entropia cansada das palavras
Só o assimétrico é estável

Por isso gosto da desordem da chuva e da lua nos charcos
Do desalinho das asas laceradas do vento
Do desarrumo das pedras e da bruma
Da verticalidade oblíqua das palmeiras e das dunas
Da horizontalidade curvilínea da terra
Da anarquia do mar sobre as areias

E tudo isto sob a assimetria indiferente do silêncio

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Ah, e gosto da harmonia trilhada pela verticalidade do teu verbo.

bettips disse...

Percorri o impercorrível (existe?).
Lamento o tempo, o não-tempo.
Beleza tão diferente, sensações de cheiros quentes e antigas faces...
Viagens e canela.
Muros e torres.
Pinturas de gente.
Tudo para ler e saborear devagar.
Que pena a vida-tempo/não-vida!
Abçs

teresamaremar disse...

Olá Peregrino

pois é :) isto de me reger pelos traços... do equilíbrio das formas para me equilibrar... de precisar da ordem para me ordenar... por vezes, cansa.

Ah se cansa!!

E dá assim, um ensejo muito apelativo de desarrumo :)

E porque do caos também se faz ordem, cada vez me apetecem mais as assimetrias


então, que seja, um bom dia! :))

teresamaremar disse...

Olá Bettips

olho para a direita, e vejo o meu jardim a perder-se em neblina

olho para a janela no extremo oposto, e as árvores do jardim público envoltas em cinzento

há ainda uma chuva miudinha.

E é assim magia, apelo de cinzas, disformes.
O não-tempo a tirar-me o prazer de poder demorar-me o dia inteiro, aqui, assim...
gosto tanto, mas tanto, destes dias de cinzentos e água! Translucidos.


Não sei se os impercorríveis existem, mas são, decerto, os melhores de percorrer :))))

Um bom dia :)