17 setembro, 2007

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Bancas de feira, lojas de antiguidades...
Um pano negro ou vermelho, um outro a servir de tecto a abrigar,
lugares sombrios, recantos silenciosos, aromas amadeirados, soalhos encerados.
Descoberta. Surpresa. Encanto.
Quem as tocou? Que emoções sentiu?
Presentes e perdas. Alegria e mágoa.
Que narrativas escutaram? A que vidas assistiram? Porque mãos passaram?
Antiguidades ou velharias, transportam uma história. De cujo porvir somos responsáveis.
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6 comentários:

Anónimo disse...

Sempre que entro numa destas lojas, e deparo com os objectos, penso logo que o que motivou as pessoas a desfazerem-se deles foi a necessidade de dinheiro.
Isso entristece. Entristece-me.

Quem sabe se muitas dessas peças não vinham já de antepassados remotos. Que, para além do valor material, tinham também o de estimação, bem mais importante.
Que desespero terá levado ao acto de venda.

Penso sempre nisso.

E muitas vezes penso no destino dessas peças, em casas modernas de endinheirada gente, que compra antiguidades porque é "in".
Julgo que`é o destino da mairia, e que poucas terão a sorte de ter como novo dono, alguém requintado, apreciador e que as mereça.

Antiguidades...pedaços de vidas idas, recurso de bolsos vazios, testemunhas de épocas. Outras.

teresamaremar disse...

Boa noite Rigoletto,

um comentário com resposta demorada :)

sim, muitas vezes trocaram de mão por necessidade de converter essas peças em dinheiro. Mas não só. Muitas delas vendem-se em resultado de falta de entendimento entre herdeiros, outras porque os herdeiros não as apreciam, muitas ainda porque os donos delas se desgostam, ou porque, dentro do mesmo género, encontraram outra que essa substitui e a supera.

Dirá que não haverá amor à peça, se tal acontece, é verdade. Penso que com elas se criam estreitos laços.

Já vi famílias dividirem faqueiros, baixelas, porque cada um queria algo do conjunto, "como souvenir". Estas são as atitudes monstruosas.

A vida é cíclica, sabe-se que no mundo das peças belas, elas raramente permanecem na mesma família mais de 3 gerações. Uma primeira constroi, trabalha para as adquirir, a segunda fortalece o espólio, a terceira talvez ainda o aumente, ou pelo menos preserva-o, mas a quarta, inevitavelmente, desbarata e vende. E um novo cíclo se inícia, numa nova família.

As que tenho eu cuido, observo-as, desmonto se possível, que volto a montar, e penso no percurso que terão tido. E, não importa ele qual seja, sei que ela ficará para lá de mim, e que tenho a responsabilidade de lhe assegurar a continuidade da história que transporta.
Olhá-las dá prazer, contribui para o imaginário. Há que as respeitar.

Quanto ao entristecer pela causa que as faz estarem numa montra, lembrei San Telmo, o bairro de antiguidades de Buenos Aires. Porta sim, porta sim, Rua a rua, as lojas de antiguidades sucedem-se. Os seus recheios, magníficos!

Fazem, ainda, uma feira semanal (domingo), numa praça muito bonita, e é ver tudo quanto é belo, prata, ouro, pedraria, mobiliário, tudo quanto nos podermos lembrar...

Aí entendemos, é Buenos Aires, "foram-se os anéis, ficaram os dedos". Ficamos a imaginar as mãos e pescoços que ums terão feito brilhar, mesas radiantes de brilho de prata e porcelana.
Sente-se em cada objecto que sim, foi decerto com mágoa que deles os donos se desprenderam, quando sobreviver era a palavra de ordem.

Zénite disse...

Gostei de te ler e ao Rigoletto.

Irei ao Campo de Santa Clara. Terei de. :)

Abraço.

martim de gouveia e sousa disse...

só agora vi o desafio e me vi entrado neste estimulante espaço. amanhã, sem falta, construirei a minha lista. bjo.

teresamaremar disse...

Zénite,

não apenas Santa Clara, mas também as feiras mensais, aos domingos (não sei exactamente que domingo qual), como Algés, Oeiras, Paço de Arcos, etc

uma boa noite

teresamaremar disse...

Olá Martim

ora benvindo! Aguardo a lista, curiosa.

(tão fraquinha estava a nossa feira este sábado... só espreitei)

Beijos também para as meninas :)