É, guardam vidas, tantas vidas... sonhos e desencantos. Assistem ao nascimento e à morte. Permanecem ainda. Fiéis depositárias. Das suas janelas, até onde se estenderam os olhares? Em que vôos embarcavam? Rumo a que horizonte mais além?
na casa que foi raiz, fruto e matriz, há agora telhas e vidros estilhaçados pela força do silêncio súbito solto das pedras cobertas de musgo e hera.
e há lamentos desenterrados na indiferença do calendário dos dias, e levados não se sabe para onde, no dorso despegado e curvilíneo do vento.
e todavia…
como num nostálgico regresso à mãe-d’água, ao rumorejante manancial da vida, consigo ouvir os gritos alegres das crianças, acudindo ao doce chamamento da mãe, e, ainda, os passos cadenciados do pai, assobiando, enquanto caminha sobre as pedras descalças, à “hora dos mágicos cansaços”…
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, A essa hora dos mágicos cansaços, Quando a noite de manso se avizinha, E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha A tua boca... o eco dos teus passos... O teu riso de fonte... os teus abraços... Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca, Traça as linhas dulcíssimas dum beijo E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca... Quando os olhos se me cerram de desejo... E os meus braços se estendem para ti...
16 comentários:
E encobrem histórias, segredos, encantos, descobertas, sensações e enlevos.
Verdes anos.
Verde esperança.
Velhas casas.
Espaços agora ocos, escaparates de abandonos e ausências, restam-lhes algumas pedras de parede para sustentar a memória.
Que é sempre curta.
Verdes pedras.
eusébio
É, guardam vidas, tantas vidas... sonhos e desencantos. Assistem ao nascimento e à morte. Permanecem ainda. Fiéis depositárias.
Das suas janelas, até onde se estenderam os olhares? Em que vôos embarcavam? Rumo a que horizonte mais além?
na casa que foi raiz, fruto e matriz,
há agora telhas e vidros estilhaçados
pela força do silêncio súbito solto das
pedras cobertas de musgo e hera.
e há lamentos desenterrados na indiferença
do calendário dos dias,
e levados não se sabe para onde,
no dorso despegado e curvilíneo do vento.
e todavia…
como num nostálgico regresso à mãe-d’água, ao rumorejante manancial da vida, consigo ouvir os gritos alegres das crianças, acudindo ao doce chamamento da mãe, e, ainda, os passos cadenciados do pai, assobiando, enquanto caminha sobre as pedras descalças, à “hora dos mágicos cansaços”…
Essa hora dos mágicos cansaços remeteu-me para alguma reminiscência que não consigo lembrar. E que irritante se torna...
Uma releitura de Florbela Espanca...e encontrará a "reminiscência".
Suponho.
eusébio
Encontrei...
Se tu viesses ver-me
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca
Pedras que dão vida...
Pedra... terra-mãe!
bjo doce
Nascem lendas, morrem mitos,
rasgam-se mapas vivos
com as naus que timonamos
a desbravar a existência
com punhados de bom-senso.
Salgamos a loucura
num mar de humores desbragados.
Sobrevivemos a mares exaltados
ou flutuamos a navegar
em lagos chãos de águas frescas,
inquinadas, muitas vezes,
por outras naus desumanas.
Somos náufragos do tempo
onde certezas se quebram.
Em qualquer caso,
empurrado por ventos de feição
ou desnorteado por bússolas pretas,
o fim começa (sempre) agora.
Lembrei-me deste poema que escrevi em tempos a propósito do teu excelente post e da finitude de todas as coisas.
Beijinhos.
Presença... outro beijo para ti, que ontem foi a correr e apenas publiquei as tuas palavras.
Boa-noite Nilson
sim, como dizes no NasTintas, presumo terá passado um ano desde que deixámos de nos visitar.
... tal como dizes naufragos do tempo, neste nos deixamos enredar...
:) grata pelas palavras. Parabéns pelo teu poema e... um abraço destoutro lado do mar
... Tantos segredos...! Admiravel.
Obrigada Anónimo pela visita.
Votos de uma boa quadra pascal!
Com um abraço.
e se de repente Eu te chamar BOSQUE?
:)
___________________________.
saio.
exmª srª
no correio da tarde de ontem partiu
o tweed que fez o favor de nos solicitar.
ps: quem sabe se um destes dias a madame delaunay lhe faz o corte
gostei muito das fotos.
Enviar um comentário