20 dezembro, 2007

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O presépio de cabana e musgo deu lugar a um Menino Jesus solitário. O pinheiro já não cheira a campos verdes. As luzes são agora pequenos pontos luminosos quais estrelas distantes, não multicores. Os envólucros de presentes são mais sóbrios. Os laçarotes mais elaborados. Coisas dos tempos.
Há rostos para sempre ausentes que o meu coração lembra, narrativas que a minha saudade evoca, vozes que a minha alma escuta.
Plataformas de camionetas, estações de comboio ou asfalto percorrido, tantos anos, entre partidas e chegadas, rasgando a distância que me separa de mim.
Trezentos quilómetros de olhos rasos e coração apertado, a caminho do lugar onde me reconstruo. E me retomo. Um paradoxal bem-estar de nostalgia. Ao encontro de ausências presentes e presenças ausentes. Num estar algo insane, faço replay e replay de Chris Rea…

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I'm driving home for Christmas,
Chris Rea

the best Christmas song ever :)
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2 comentários:

M. disse...

Belíssimo este texto, belíssima a música. Agradável a tua presença no PPP. Lá te espero para o ano.
Bom Natal e Bom Ano Novo para ti.

náufrago do tempo e lugar disse...

Gosto muito do que escreveste. Palavras tocantes, porque sentidas.

Entendo que a vida é uma contínua peregrinação, uma errância permanente pelo asfalto de todas as memórias que vivemos ou partilhámos: uma boas, outras menos boas, outras mesmo más. Que no Natal se avivem as boas memórias partilhadas, tais como amor, cumplicidades, sorrisos, e até pequenas loucuras, enfim, os bons instantes, mesmo que sob o signo da distância.

Uma palavra para “I'm driving home for Christmas”, de Chris Rea: Sublime!

Renovo os votos de bom Natal.